segunda-feira, 30 de maio de 2016

A FITA MÉTRICA DO AMOR, por Martha Medeiros

Como se mede uma pessoa?

Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.

Ela é enorme para você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravada.

É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto.

É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será que ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições?

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, e sim de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão e, ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

terça-feira, 24 de maio de 2016

EU AMO TUDO QUE FOI, de Fernando Pessoa

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.


In Poesias Inéditas (1930-1935), 1955

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O TEMPO CERTO, de Paulo Roberto Gaefke

Muita gente anda esperando o tempo certo para realizar este ou aquele sonho. Deixam o vestibular para o ano que vem, a pós para depois, a reforma para Agosto…Agimos como se fossemos donos do tempo. Como se a eternidade fosse apenas um caminho
que passa na rua da nossa casa. Definimos prioridades que no final das contas, nem eram tão prioritários assim…
Às vezes nossos sonhos ficam guardados, esperando na fila das decisões. Ficam como galhos pesados encostados no chão do tempo. Nossas orações ainda são eternos pedidos imediatistas. Pedimos para apagar o fogo, mas ainda não aprendemos evitar o incêndio. 
É tempo de realizar! Colocar os sonhos da alma como prioridade. O tempo é o agora. E o agora é já! Pare de ser expectador da vida! É hora de tomar uma atitude que te leve ao encontro do que tanto deseja! Na decisão cabe tudo! O sonho mais louco, a aventura mais insana.
Se é para ser feliz, não aceite metade, nem migalhas. A vida é este rio. Ele vai continuar o caminho, com ou sem a sua atitude.
Então sonhe alto. Voe para o horizonte. Encontre o sol, passeie pela lua. Perceba e sinta a proximidade de Deus. Remova as teias de aranha dos velhos projetos. Hoje o convite vem do mais alto. É o seu dia de realizar.
É tempo de amar. Comece por você. Ame-se! Distribua esse amor.
A vida devolve tudo na mesma medida com que nos lançamos.
Sem hesitação, diga bem alto: - Eu vou realizar o que tanto desejo.
Eu posso e mereço. É o próprio tempo quem diz: - é tempo de ser mais feliz!
Não desista dos seus sonhos, eles te levarão a plenitude do ser. Creia no seu poder de realizar e vencer! Eu acredito em você.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

MENINA E MOÇA, de Machado de Assis

Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.

Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem coisas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.

Outras vezes valsando, e* seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.

Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri.

Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!

Ah! se nesse momento alucinado, fores
Cair-lhes aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar dos teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.

É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Machado de Assis, in 'Falenas'

terça-feira, 17 de maio de 2016

TOMARA, de Vinícius de Moraes


Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais.

terça-feira, 10 de maio de 2016

O TEU RISO, de Pablo Neruda, in "Poemas de Amor"


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, na hora
mais obscura desfia
o teu riso, e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Namoro na adolescência: como orientar os filhos

Seu filho está namorando? Saiba como falar de sexo e relacionamento com ele, sem invadir sua privacidade 
Coloque na cabeça que todo adolescente tem uma vida sexual, seja com outra pessoa ou por meio de fantasias

Quando os filhos adolescentes chegam em casa com a namorada (ou o namorado) a tiracolo, muitos pais se assustam. Primeiro, porque descobrem, na prática, que eles não são mais crianças. Depois, porque começam a surgir mil pensamentos na cabeça sobre o que o jovem casal deve fazer a sós. 

Muita calma nesse momento. É hora de deixar claro para seu filho que ele pode contar com você para tirar dúvidas e dividir emoções.

Saiba o que fazer quando seu filho começa a namorar

Paixão e sexo na adolescência

Hoje em dia é bem mais fácil falar sobre determinados assuntos, alguns dos quais fariam nossas avós corar de vergonha. Ainda assim, quando se trata de orientar os filhos sobre namoros e, mais precisamente, sexo, a coisa muda de figura. 

Enquanto o filho é criança, contenta-se com respostas simples e didáticas. Mas quando cresce e se torna mocinho ou mocinha, que dificuldade! A educadora sexual Ana Cristina Canosa Gonçalves, de São Paulo, explica que o problema surge quando a sexualidade se torna mais concreta, deixando pais e filhos pouco à vontade para tocar em questões como excitação, desejo e prazer. 

Para entender o tamanho da confusão que o tema tem provocado em muitos lares, basta acrescentar ao quadro dois dados importantes: os jovens estão iniciando a vida sexual precocemente (em média, 15 anos para as meninas, 17 para os meninos) e, cada vez mais, encaram isso com uma naturalidade espantosa. 

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana mostrou que, hoje, a primeira vez para 33% dos meninos e 25% das meninas acontece no próprio quarto dos jovens. Por essas e outras, novamente, o diálogo e o carinho são o recurso mais importante que os pais têm para orientar seus filhos. 

Como conversar com os adolescentes

Para estreitar a relação entre pais e filhos é preciso conversar sobre tudo com eles. Em vez de entrar de sola no assunto namoro/sexo, fale sobre outros temas interessantes para o jovem, como música, TV, passeios e amigos da escola, por exemplo. 

Entenda o que é ''ficar''

Os adolescentes, de uns tempos para cá, inventaram a moda de ficar. Significa estar com um parceiro sem compromisso. A psicóloga Arlete Gavranic esclarece que ''ficar'' não envolve necessariamente relações sexuais e, em geral, é marcado por troca de beijos e carícias, como forma de conhecer as sensações. 

Ela alerta que esse tipo de relacionamento só deve chamar a atenção se o jovem demonstrar aversão a outros mais duradouros, o que pode indicar inabilidade para estabelecer vínculos. 


4 dicas para se relacionar bem com adolescentes


A afinidade e a intimidade entre vocês deve ser trabalhada desde cedo. Não adianta correr atrás do adolescente pedindo que ele se abra de uma hora para outra. O ideal é que essa amizade comece antes da adolescência. 

Até dá para ser mãe e amiga do seu filho. Mas vá com calma. Há coisas que ele não vai querer contar para você – nem como mãe nem como amiga. Provavelmente preferirá dividir as intimidades mais secretas com outro tipo de amigo. O melhor a fazer é respeitar isso. 

Em relação ao namoro, mais uma vez, o ideal é encontrar o equilíbrio entre a liberdade e o limite. O adolescente tem o direito de namorar e é besteira tentar proibir. Mas ele precisa saber até aonde deve ir. 

Coloque na cabeça que todo adolescente tem uma vida sexual, seja com outra pessoa ou por meio de fantasias. Essa é uma fase importante do desenvolvimento, na qual ele está descobrindo e formando a própria identidade.


Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/familia/m-trends/namoro-na-adolescencia-como-orientar-os-filhos