sexta-feira, 29 de junho de 2018

A ARTE DE SER FELIZ, texto de Cecília Meireles

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Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.


Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles, no livro “Escolha seu sonho”

terça-feira, 12 de junho de 2018

NAMORAR É ISSO..., por Liz Passos

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Tem gente que diz que namorar dá trabalho… que é muita cobrança e falta de liberdade.

Pois é… tem gente que não sabe mesmo namorar!

Namorar não é nada disso…

Namorar é ter um amor que também é seu melhor amigo.

É ter alguém que saiba rir e chorar junto com você.

É discutir e saber respeitar o ponto de vista do outro.

É sair de perto quando sentir que é preciso e voltar louco de saudade.

Namorar é roubar o último pedaço do chocolate, fazer guerra de travesseiros, esconder algo que impeça o outro de ir pra casa…é dormir vendo TV e perceber que alguém abaixou o volume para não te incomodar.

Namorar é ficar ansioso para saber o resultado daquele projeto que ele se dedicou tanto.

É comemorar as vitórias do outro como se fossem suas.

É querer contar as novidades e mal conseguir esperar esse momento.

Namorar é segunda-feira com gosto de “quero-você-por-mais-um-dia”.

É planejar os detalhes da próxima viagem e marcar no mapa os lugares onde já foram juntos.

Namorar é sexo com compromisso… e isso pode ser muito bom.

Namorar é respeito, admiração, paciência, impaciência, defeitos, qualidades, futebol, TPM… mas sobretudo compreensão.

Namorar é amar o cheiro, o gosto, aquele pequeno sinal em algum lugar do corpo que só você repara.

É saber criticar, sem desvalorizar.

É se interessar pelo outro… saber qual a cor preferida, como gosta do café… qual o seu maior sonho.

Namorar é se importar…

É vontade de ficar junto, mesmo sabendo que a pessoa não é perfeita.

É gostar da rotina aconchegante.

É saber-se só e cuidar da sua individualidade, sem ser egoísta… é ser completo sozinho, mas não abrir mão da companhia do outro.

Namorar é amor sendo materializado…

Namorar é fazer e sentir tudo isso sem o menor esforço… apenas usando o coração!

Feliz dia dos namorados!… para quem sabe o que é namorar!

sexta-feira, 1 de junho de 2018

De Victor Fernandes

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A saudade vai aparecer. É inevitável fugir dela. Talvez, ela vá ficando menor todos os dias, vá diminuindo e ficando suportável. Ela vai surgir no meio da rotina, vai tentar incomodar, vai tentar te distrair. Você entra numa sessão nostálgica no meio da tarde, e quando percebe passou o resto do dia recapitulando os fatos. "O que eu poderia ter feito?", "porque eu não disse isso?", "será que devo ligar agora?", "será que ainda tem jeito?". Você vai ficar se perguntando essas coisas, vai andar com um pé no presente e outro no passado, e lhe digo: isso não é seguir em frente. Isso não é viver, você nunca vai ser pleno se ficar todos os dias se martirizando, revivendo coisas que já não têm conserto. Tudo que aconteceu já aconteceu e pronto. Alguns momentos foram lindos, alguns outros foram terríveis, e isso que é a vida, rir e chorar, rir e chorar e seguir. Ou você aprende de uma vez que ter saudade é normal, e que o remédio pra isso é continuar vivendo, ou vai passar a vida vivendo em pedaços. Você precisa focar no presente, o passado tem seus bons motivos, eu sei, mas a vida tem que ser pra frente. Existem novas histórias prontas para serem vividas. Alguns capítulos passados podem repercutir lá na frente, mas enquanto isso, é vida que segue.