segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

GOZO SONHADO, de Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)

Gozo sonhado é gozo, ainda que em sonho.
Nós o que nos supomos nos fazemos,
Se com atenta mente resistirmos em crer
Não, pois, meu modo de pensar nas coisas,
Nos seres e no fado me consumo.
Para mim ê-lo. Crio tanto
Quanto para mim crio.
Fora de mim, alheio ao em que penso,
O Fado cumpre-se.
Porém eu me cumpro
Segundo o âmbito breve
Do que de meu me é dado.

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