terça-feira, 15 de março de 2016

Texto de Cristiano Porfirio, jornalista

Estava prestando em uma conversa entre dois indivíduos:
- Você viu a novela ontem (Velho Chico)? Passou a Carol Castro pelada.
- É bonita, mas está com o peito caído.

Bem, não dei continuidade a tal escuta, o que me chamou atenção foi o ‘peito caído’, é impressionante o quanto estamos nos desprendendo da qualidade de avaliar as pessoas como pessoas. Se já não bastasse o ‘ter’ prevalecer ao invés do ‘ser’, é preciso agora no caso das mulheres se ater a preocupação se o seio está caído, se a bunda tem celulite e no caso dos homens, se o mesmo está barrigudo.

Não serei hipócrita, sim, acho atraente uma mulher bonita, sim, eu acho! Não estou tirando o direito de ninguém achar alguém feio(a), eu mesmo acho muita gente feia e já quase apanhei nas redes sociais por externar minha opinião. Gente, eu me acho feio, não vou poder achar os outros?

Teço o comentário focando na reclamação da solteirice tanto pelos homens quanto pelas mulheres. Encontrar defeitos é fácil, difícil é ter a maturidade para procurar qualidades. É preciso fazer um exercício mental, buscando se desvincular de atributos que descredencie os indivíduos como pessoa, afinal, o que nos caracteriza como ‘pessoa’ é o fato de se sentir bem para fazer o outro bem, ser atencioso e educado e ter um mínimo de caráter. Isso é o que constrói relacionamentos e os mantém.

Essa conversa que testemunhei, não acontece só no mundo masculino, já vi muita mulher fantasiar seu homem perfeito com a tal barriga de “tanquinho”. Vivemos a era da futilidade e isso por incrível que pareça, não assusta as pessoas, principalmente pelo fato de colocar homens e mulheres em lados extremos. A linha entre solteirice e estar acompanhado é tênue, mas assim o é, porque as pessoas não permitem dar uma chance. Sempre vai ter alguém aos 45 minutos do segundo tempo esperando pela sua princesa ou príncipe, o problema é que o jogo acaba, pois a prorrogação não dura para sempre.

A estética é importante, sim, mas no sentido da pessoa estar limpa, arrumada e perfumada; ter um bom papo e saber fazer a outra pessoa rir também são bons atributos, bem como, ter paciência para os defeitos e saber escutar.

Deixar de oportunizar uma relação por causa de um peitinho caído, de um bumbum furado ou de uma barriga de chopp, pode ser o golpe de misericórdia para que fique só até a eternidade. Até porque uma coisa é fato: nem toda mulher é a Bruna Lombardi e nem todo homem é o Johnny Depp, a tendência é que ‘geral’ ao envelhecer, vá ficando ‘feio’ e repleto de defeitos na lataria. ‪#‎fato‬ O convívio e o amor são mais importantes, sem dúvida!

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