segunda-feira, 18 de abril de 2016

QUEBRA-CABEÇA DO AMOR, por Mônica Martelli

A vida amorosa é como um quebra-cabeça em que homens e mulheres são as peças. Tentamos encaixar umas às outras e, mesmo pegando muitas pecinhas erradas, depois de um tempo a gente acaba encontrando a certa e encaixando. É bom lembrar que nesse jogo tem muito mais peças femininas do que masculinas. Pelo menos aqui no Rio. Nas minhas andanças, conheci tipos de mulheres muito diferentes, que dividi em categorias.

A primeira categoria eu admiro pela persistência. É formada por mulheres que sempre pegam a peça errada. Escolhem uma e não é, tentam de novo e mais uma vez não acertam. Essas já estão calejadas. Não perdem muito tempo, não. E assim, com um fôlego de gato, otimismo, fé, homeopatia e muita terapia, continuam tentando, tentando, tentando... até o dia em que encontram a peça certa.

A segunda é preocupante. Elas pegam a peça errada e forçam a barra para encaixá-la de qualquer maneira. A pecinha está torta, não encaixa, sobra espaço, todo mundo vê, avisa... mas não tem jeito. Fecham os olhos e apertam o “enter”, se jogam no abismo, insistem no erro e depois voltam para o jogo, arrasadas! Eu me identifico muito com essa categoria.

A terceira me causa perplexidade! Ela é composta por mulheres que só pegam as peças certas. Encontram a primeira, encaixam, ficam anos felizes e depois de muito tempo, se for preciso, voltam para o quebra-cabeça e vão direto para outra peça certa. É INCRÍVEL! Elas nunca ficam solteiras! Não erram! Saem de um namoro de anos, ou de um casamento, e já engatam em outro sem dificuldade nenhuma! É tudo normal! Sempre reparei muito nessas mulheres para tentar detectar alguma coisa que me pudesse ser útil. Será que elas agem de forma diferente? Será que é o tipo de trabalho? Um amigo me disse que os homens estão preferindo gerentes de loja ou advogadas, pessoas com horários mais regulares. 

Eu, por exemplo, sou atriz. Será que alguém vai querer uma mulher que trabalha no fim de semana, nunca pode viajar, está sempre em busca de um personagem e sempre com medo de que tudo dê errado? SIM!!! Graças a Deus, depois de muito tempo encaixei certo. Não estou mais solteira! 

A quarta categoria é a que mais me dá pena! São as mulheres que olham a pecinha certa, chegam a segurar, mas soltam. Não pegam! O olhar está na direção errada. Na hora H dá uma miopia e não focam certo. Depois de anos vão se dá conta: "Nossa! Você? Eu sempre te via lá, solto de um lado pro outro, nunca imaginei!” Quanto tempo perdido!!

Mas é a quinta categoria que mais me intriga. São as mulheres que encaixam duas ou mais peças ao mesmo tempo, não sei como. Estão, constantemente, envolvidas com vários homens. Em geral com o ex e o atual, os dois são apaixonados e estão sempre querendo casar com ela. E às vezes tem um terceiro, que ela acabou de conhecer, por acaso, que também está apaixonado e quer casar. 

Eu tenho uma amiga que a mãe aos 55 anos, casada pela segunda vez com um marido apaixonado, tem um amante de 29 anos mais apaixonado ainda...Pode?
Em que planeta vivem essas mulheres? Eu queria só dar uma voltinha por lá, para ver se capto alguma coisa. Há homem de mais para umas e de menos para outras! Tem mulher usando a cota que não lhe pertence. A distribuição não está correta! Ou então estão mentindo pra gente e pra elas mesmas.

Mas ainda existem aquelas que não participam. Ficam de fora, sem a possibilidade de amar e ser amadas. É a inadmissível sexta categoria. Pois o que importa mesmo é estarmos dentro do jogo. Correndo riscos, vivendo medos e expectativas. Faz parte do quebra-cabeça. Afinal, aos trancos e barrancos caminhamos, buscando usufruir do maior significado da vida: o amor.

Publicado na Revista Época, em 11/09/2012

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